O post desta semana é sobre o maravilhoso evento que ocorreu em Porto Alegre no último Sábado, dia 21 de Maio no auditório da Universidade PUC (auditório do prédio 50), o Educar Transforma. Eu estive presente e vou contar tudo que rolou por lá!
O Educar Transforma tem como propósito mobilizar e reunir experiências inovadoras da educação, envolvendo escola, estudantes, educadores, mães e pais que acreditam em uma nova educação. Em Porto Alegre o Educar Transforma foi organizado pelo Movimento Mães de uma Nova Escola, Projeto Cuidar de quem Cuida da Educação e GAF – Grupo Autônoma de Filosofia.
Saiba mais no site: http://educartransforma.eco.br/
O evento contou com as presenças de José Pacheco – Articulador Projeto Fazer a Ponte e do Projeto Ancora de São Paulo, Tiago Berto – idealizador da Cidade Escola Ayni em Guaporé/RS, Ingrid Cañete – Psicóloga e Escritora, Elisângela da Rosa Lima – representando Mães de uma Nova Escola e a Associação Educar, Criar, Transformar, Marcos Rogério Pinto – Coordenador nacional do CEEV (Ciclo de Estudos da Educação da Vida), Ademir Milo – Coordenador do Educar Transforma, Patrícia Ribeiro de Oliveira- Vice-Diretora da Escola Estadual Canadá e Valentinne Serpa – Professora de Filosofia – GAF. No evento ocorreram palestras de Tiago Berto sobre a experiência Ayni, onde ele contou como foi sua trajetória até o projeto Cidade Escola Ayni e a palestra do ilustre José Pacheco, contando um pouco sobre o projeto Fazer a Ponte e o Projeto Âncora, além do bate-papo, questionamentos e muitas histórias vivenciadas na educação. O evento também contou com workshops de profissionais da educação que estão fazendo inovações pedagógicas na educação e contaram um pouco dessas experiencias, servindo-nos de grandes inspirações.
O evento inciou com a palestra de Tiago Berto, contando um pouco sobre o nascimento da Cidade Escola Ayni que está sendo erguida na cidade de Guaporé/RS, o projeto Ayni surgiu depois de um período de 3 anos dnnnje viagens e visitas a várias escolas que Tiago realizou, o roteiro incluiu escolas da América Latina e da Europa. De volta ao Brasil, Tiago estava com pouca grana para realizar seu sonho Ayni, mas com uma imensa vontade na alma de idealizar o que hoje já começa a ser a Ayni, construída em uma área de 20.000m², chamada pelo idealizador de bosque mágico. O espaço contará com uma infraestrutura que inclui Atelier Jardim da infância (Jardim 1), Atelieres de Expressão infantil (Ed. Infantil e Ens. Fundamental), Espaço cultural, Biblioteca e Observatório Astronômico, Casa das Artes (música, teatro, pintura, artesanato), Sistemas produtivos terrestres e aquáticos, Oficina de carpintaria, Administração, Restaurante, Hostel, Cabanas, Casa de convidados, Área de visitação e Tour, Banheiros ecológicos, Sistema de captação de água da chuva (cisternas), Sistema de captação de energia solar, Horta e Circo. A ideia de Tiago é que a Ayni seja um espaço de inspiração e construção de um novo olhar não só na educação mas como um estilo de vida, que é a essência da Ayni. Com uma pedagogia que é em si uma forma de viver, com novos conceitos de organização social e econômica, uma educação para a paz, o respeito, o carinho, a cooperação e exemplos sólidos de valores humanos partindo principalmente e inicialmente dos adultos.
Para saber mais sobre a Ayni, acesse o site: http://www.fundacaoayni.org
Após uma pausa para o almoço, as atividades seguiram com as oficinas. Eu vou falar um pouquinho da que eu participei, foi sobre um projeto de ressignificação em uma escola e comunidade de Porto Alegre, um trabalho lindo e inspirador da esquipe diretiva da EMEF Governador Ildo Meneghetti, onde o trabalho foi restaurar as estruturas físicas e pedagógicas da escola, mas também da comunidade atendida no entorno. O processo de motivar tanto os alunos, quanto as famílias, trazendo para o contexto escolar a participação e cooperação de todos, num lugar onde já havia sido “abandoado” e excluído da sociedade, a equipe diretiva desta escola, trouxe a comunidade escolar novas oportunidades, vivencias, proporcionando a inclusão social através de movimentos como, festa Junina na escola, caminhada pela Paz na comunidade, passeios com os alunos da escola e muitas outras atividades que mobilizaram toda a comunidade atendida pela escola. Simplesmente lindo e Inspirador!
O último momento do evento foi a tão aguardada palestra de José Pacheco que iniciou com o seguinte questionamento – “O que querem saber?” explicando que se ninguém tivesse uma pergunta, estava tudo indo bem na educação e não haveria nada que ele pudesse contribuir, o que levou à todos aos risos e descontração, pois estávamos diante de uma figura ilustre, um mestre da educação, as dúvidas eram muitas mas a insegurança era inevitável. Até que as coisas começaram a fluir, o professor Zé Pacheco contou algumas historinhas (como ele diz) que já vivenciou durante sua carreira e trajetória na educação, logo as perguntas começaram a surgir e o querido Zé Pacheco respondeu carinhosamente sempre com suas “historinhas” que nos levavam a boas risadas. Além de ser uma figura sábia, José Pacheco é muito bem humorado e espirituoso, um ser humano admirável. Dentre tantas questões debatidas, Zé Pacheco contou um pouco sobe sua experiência como professor universitário, onde ele faz uma observação em relação às suas criticas no sistema universitário, um modelo do Século 19, onde afirma que as críticas feitas por ele, recae sobre ele também, pois ele é individualmente responsável pelo os atos de seu coletivo, pois um professor universitário que leu Vygotsky continua a dar aulas é porque não entendeu Vygotsky, não decifrou, é analfabeto funcional – afirma Pacheco que contou uma de suas historinhas de quando entrou na na universidade para ministrar aulas, foi em uma disciplina de Psicologia, em Ciências da Educação, logo foi para a Fundação de professores, uma escola de formação superior para professores (em Portugal), Pacheco conta que o choque foi ainda maior, pois colocaram-o num auditório com 174 jovens, do ultimo semestre de formação e ele perguntou aos jovens, o que eles queriam saber. O espanto foi unanime, quando um dos jovens argumentou que nunca haviam perguntado a eles o que gostariam de saber. Pois tratava-se de um curso de formação de professores e os professores nunca haviam questionado sobre suas reais duvidas e curiosidades em relação aos conteúdos e os teóricos estudados. Pois os alunos pediram para José Pacheco falar um pouco sobre um dos teóricos estudados na disciplina, quando foram novamente surpreendido por mais um de seus questionamentos – “mas o que querem saber sobre Bruner?” Logo veio a resposta, “nada”, explicando que eles costumavam fazer uma “cola” sobre o conteúdo e obra do autor e se encaminhavam para a prova sem distrações com outros colegas, pois após o sinal, o professor entra na sala, começa a projetar (na época não existia Power Point), e ler as laminas sobre aquilo que Bruner escreveu nos livros. Isso há 25 anos lá em Portugal, onde Pacheco brinca dizendo que aqui no Brasil não é assim. E assim o debate seguiu, com algumas contribuições e questionamentos da platéia mas sempre em clima descontraído. Pacheco também comentou dos trabalhos trazidos por seus alunos universitários, que em seus textos as expressões de “… Piaget diz…”, “Vygotsky diz…”, segundo Wallon…”, apontando uma reflexão de que os trabalhos eram “fofocas” e não construção e produção do conhecimento como deveriam ser, o que nos leva a reflexão de que a formação ainda é realizada nestes moldes que não ensinam a compreender de fato, o que foi a contribuição destes autores para a educação efetivamente.
Pacheco ainda trouxe em questão, questionamentos referentes ao tempo de 50 min. de aula, o por que de se terem aulas, intervalos, férias escolares, deixando que busquemos essas informações (no Google). Afirma que a escolas são pessoas e não edifícios, prédios e que pessoas são os seus valores e ninguém tem os mesmos valores, um professor não ensina, ele transmite aquilo que é. Frisando que o que falta é uma nova construção social da aprendizagem, pois a educação vai do pré-natal até morte, não é só naquela parte que se convencionou no sistema educativo, precisamos ser sérios, honesto e éticos, isso só depende de nós.
Um dos temas finais abordados por Zé Pacheco (que surgiu nos questionamentos), foi a questão das aulas híbridas, mais conhecidas como aula invertida, um fenômeno que está invadindo as universidades brasileiras. Um projeto do inicio do séc. XX, mal confeccionado, trazido por um norte-americano e vendido para as universidades como algo inovador, Pacheco afirma que isso é a síndrome do vira-lata. Mais uma questão deixada pelo professor Pacheco para refletirmos, pesquisarmos sobre qual é a proposta das aulas invertidas e se de fato ela contribui para aprendizagem tanto em contexto universitário, quanto na educação básica.
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS:
O evento foi de grandes contribuições para a Pedagoga que busco ser, com exemplos práticos de que é possível fazer uma ressignificação na educação, em práticas e gestão pedagógicas. Através de tantos projetos interessantes que está sendo realizado aqui no Rio Grande do Sul por profissionais da educação comprometidos, insatisfeitos, inquietos e com um propósito gigantesco de fazer a diferença e não simplesmente ser mais um! Mais um professor, mais um pedagogo, mais um diretor, mais uma coordenadora pedagógica, mais uma supervisora pedagógica… minha sincera admiração por todos vocês que palestraram, ofereceram oficinas, doaram seu tempo e conhecimento em prol de expandir os horizontes de quem realmente está afim de não ser apenas mais um e sim um agente da mudança de paradigma na educação. Não poderia deixar de agradecer em especial a queridíssima, simpática, amorosa Elisangela Rosa Lima por ter me proporcionado estar neste evento, sem a ajuda dela não teria sido possível por razões de ordem restrita de vagas, gratidão querida amiga Elis! Gostaria de agradecer a querida Luciana Celia Marcio Celia, por me receber de forma tão acolhedora, uma simpatia e carísma em pessoa, adorei te conhecer pessoalmente, seguimos em contato e conectadas nessa vibe! Obrigada gurias (Elis e Lu) por me acolherem! Me identifiquei demais com vocês, acredito que a afinidade foi reciproca. Agradeço também a receptividade do querido e ilustre professor José Pacheco, que lembrou das nossas conversas por e-mail, dos livros que me enviou no final de 2015, pelas dicas de leitura e pelas sábias palavras e historinhas bem humoradas e descontraídas durante seu discurso. Amei conhece-lo pessoalmente!
Convido os caros leitores a conhecerem o projeto Mães de uma Nova Escola, composto por Elisangela Rosa Lima, Luciana Celia, Glaucia da Costa Alvarez, Helenise Sartori e Raquel Bersch, um novo conceito educacional que está nascendo em Porto Alegre!
Acessem o site e saibam mais: https://maesdeumanovaescola.com
Gratidão à todos!
Namastê!!!
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